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O que estava dividido, unidade Ele faz - CF 2021

  • Foto do escritor: Movimento Shalom A.M
    Movimento Shalom A.M
  • 24 de fev. de 2021
  • 4 min de leitura

Texto: Werbert Cirilo


Shalom!


Todos temos amigos e parentes de outras igrejas cristãs ou de outras religiões. Para vivermos em harmonia e em paz precisamos estar próximos e caminharmos juntos, embora cada membro do corpo familiar seja diferente. No caso do cristianismo, o que nos une é a fé em Jesus Cristo; cada Igreja com sua doutrina, práticas e liturgias.


A Campanha da Fraternidade Ecumênica não visa o conflito religioso e nem o proselitismo (prática de querer converter o outro a qualquer custo, desrespeitando a sua religiosidade), como nos disse o Papa Bento XVI. Conforme a Doutrina Social da Igreja, sabemos que sozinhos não podemos mudar o mundo. É preciso nos unir para uma tarefa conjunta. Além daquilo que é próprio do cristianismo e de cada tradição religiosa, existem pautas que nos são comuns: a fraternidade, a justiça e a paz.


A tarefa em prol de um mundo mais justo e fraterno depende do esforço e da cooperação de todos. Os cristãos compartilham a fé em Jesus Cristo e assumem o compromisso de ser no mundo a presença de um Deus que se faz amor, sobretudo aos mais necessitados, independente se o outro seja ou não cristão. Trata-se de um cristianismo samaritano que ama, que se aproxima e que cuida. Vamos nos lembrar da passagem do Bom Samaritano, o grande modelo de amor ao próximo e do que é preciso fazer para entrar no céu.


Os samaritanos eram inimigos dos judeus; viveram se odiando. Chegaram a matar uns aos outros em diversas situações. Para eles, até a religião do outro era errada e impura. Porém, na parábola sobre o amor ao próximo (caminho necessário que leva a Deus), Jesus contou sobre um samaritano como o maior exemplo a ser seguido por aqueles que desejam: alcançar o céu e mostrar o seu amor a Deus. De acordo com o texto, o samaritano é quem se aproxima e cuida de um judeu caído no caminho enquanto um levita e um sacerdote (ambos da religião judaica) passaram pelo necessitado e foram indiferentes (não se fizeram próximos).


"O que estava dividido, unidade Ele faz" - e você duvida?


Uma Campanha da Fraternidade Ecumênica assinala que o cristianismo é maior do que os limites do seu grupo. A fé é capaz de se fazer serviço, conforme está escrito no Livro de Tiago no Novo Testamento e em tantos outros documentos pontifícios. Viver o diálogo inter-religioso ou ecumênico, é pauta importantíssima já assinalada por diversos papas e outros cristãos. Em tempos marcados por intolerância religiosa e conflitos políticos, o convite ao diálogo, à unidade e à promoção do bem comum é algo desafiador e muito bonito. Grupos ideológicos dentro do cristianismo têm conquistado o coração e a mente de muitos católicos, sobretudo jovens, com um discurso que prega uma falsa fidelidade à Igreja. Cheios de meias verdades (tratam de um tema pela metade sem informar o que realmente está dito e sem contextualizar) e repletos de falácias, esses grupos de certo modo se tornam devotos de um "deus intolerante" com os "outros" que não sejam do seu próprio grupo. Muitos dos que acreditam nestas ideologias, se quer leram o texto base da Campanha ou se esforçaram para ouvir o que a Igreja oficialmente diz. "Vivemos tempos em que a voz da Igreja não é mais ouvida". Mesmo lendo o documento e não encontrando nada contra a fé católica, mesmo que os bispos digam sobre os temas da CF 2021, ou mesmo que o Papa nos envie uma mensagem, muitos preferem acreditar nos seus "ídolos religiosos e em suas ideologias".


Apesar de que muitos não aceitam, a Igreja é diversa tal como o Criador nos fez também diversos. Mas, ele também nos fez humanidade, à sua imagem e semelhança: somos irmãos. Cada um com seu carisma e forma de ser e de rezar, pertence a Cristo e é chamado a ser como aquele Deus-humano que andou em vilas; se encontrou com os mais necessitados, com os ricos-pecadores; falou sozinho com as mulheres, sobretudo com uma samaritana, tão odiada pelos judeus. Tal como Jesus descontruiu as ideologias de uma religião moralista e de leis que oprimia e matava o povo, esperamos que os cristãos desconstruam as ideologias apegadas mais a uma falsa estética religiosa do que ao Deus de amor. E que possamos descontruir dentro da própria Igreja católica o sentimento de superioridade (exclusivismo teológico e "farisaico": somos os únicos que sabem sobre a fé, legítimos intérpretes da moral e da doutrina, e fiéis à tradição) do nosso grupo religioso em relação aos demais.


A beleza do cristianismo está em sua fidelidade ao Evangelho e o seu amor a Deus e aos irmãos. Quem ama a sua Igreja ou religião e tem uma fé madura não se perde (não perde a sua identidade) nos encontros com o "outro religioso". Todo encontro nos enriquece e nos faz mais irmãos. Um grupo religioso dividido e em guerra com o outro é diabólico (aquilo que separa). Belíssimo diálogo inter-religioso do Vaticano II aos encontros de Assis de João Paulo II, dos escritos de Bento XVI com Habermas (ateu) à carta sobre a fraternidade universal de Francisco e do Imam de Al-Azhar Ahamad (islã), entre tantos outros nomes: Thomas Merton, Raimon Panikkar, Amaladoss, Bedde Griffiths, Henri le Saux, Louis Massignon, Justino Tuyuka, Pere Casaldáliga i Pla, Frei Chico e tantos outros.


O diálogo cristão tem muito a ensinar aos que se dividem em conflitos políticos: o bem-comum depende de todos juntos, embora diferentes em sua identidade. E se quase 97% da população mundial tem religião e afirmam o amor, é verdadeira a frase do teólogo e Pe. Hans Küng: "A paz do mundo depende das religiões".


Enfim, recordemos que o Movimento Shalom nasceu no espírito do Vaticano II; se inspirou na chamada Ação Católica e no seu método de ação pastoral (ver, julgar e agir), nos encontros de Treinamento de Lideranças Cristãs (TLC) e na caminhada do cursilho de cristandade com a mística do "ir além" (ultria). Essas inspirações assinalam alguns dos compromisso dos shalonitas: com a colegialidade (vinculação à Igreja local e ao Papa), o cuidado com o próximo, a promoção da paz nos diversos ambientes (inclusive o ambiente ecumênico), a ação pastoral transformadora da realidade social e o testemunho numa "Igreja em Saída". Vejamos, o Shalom tem a tarefa de levar a paz ao mundo e no mundo, sendo assim, ele promove a fraternidade universal, o amor aos irmãos em geral e a unidade. E, que sejamos um, para que o mundo creia (Jo 17, 21).


Ouçamos o canto com diversos líderes cristãos de diferentes Igrejas:




 
 
 

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