Deus, uma questão da qual o ser humano nunca se livrou.
- Werbert Cirilo Gonçalves
- 24 de nov. de 2017
- 2 min de leitura
Autor: Werbert Cirilo Gonçalves, 2017.
Olhando atentamente a história, não é pouco admitir que Deus é uma questão da qual o ser humano jamais se livrou. Mesmo diante do quadro geral de uma modernidade que anunciou o colapso de uma linguagem metafísica e onto-teo-lógica (Heidegger e Derrida), o Sagrado esteve presente no horizonte dos fiéis, mas também dos filósofos e demais pensadores. Fato que nos levou a compreender que a declaração da “morte de Deus” (Nietzsche), representou mais do que uma proclamação “ateísta” (se é que podemos dizer assim), senão uma constatação histórica: a falta de sentido das “imagens divinas” construídas através de pregações e teologias ultrapassadas e vinculadas a outras cosmovisões. Neste sentido, para o ser humano “pós-moderno” a palavra Deus pareceu ter perdido os seus “contornos”, de modo que não se conseguiu reconhecer a presença Dele num mundo multicultural e religiosamente plural. O Concílio Vaticano II e teólogos como karl Rahner e o próprio Joseph Ratzinger ousaram propor uma teologia em diálogo com o ser humano atual. Neste sentido, falaram de uma escuta e de um olhar atentos à presença divina transparente na história e, de alguma forma, penetrada nas querelas humanas. Como o Espírito revelou às primeiras comunidades a estada do Cristo no seu interno, acreditamos que Ele continua a nos indicar o Caminho que leva ao Pai Amoroso. Em Jesus, na sua mais profunda humanidade, podemos reconhecer o Deus que ainda caminha conosco nas ruas e vielas de nossas cidades e, de alguma forma, participa da nossa vida. É através do irmão que se faz cristão verdadeiro (outro Cristo) e naquele que sofre, que transparece a face divina para nós hoje. Nesta face, nós também nos reconhecemos e visualizamos o modelo de realização humana. Portanto, juntos com a comunidade somos vocacionados a descobrir a presença do Cristo que nos revela o Pai, ao mesmo tempo que anunciamos universalmente o amor divino e convocamos a todos à uma tarefa em comum: promover o bem. Enfim, como assegura Joseph Ratzinger, as ações humanas não podem prescindir da vida espiritual, ou seja, o ethos cristão surge através do diálogo com Deus e pela audição do Logos (da Palavra). Na oração, o ser humano descobre a persona divina com a qual se relaciona. E este encontro é místico; profundo em vivência e significado. Aqui, o silêncio da vida mística se converte em humildade e ambiente propício para a descoberta de Deus no interior de nós mesmo e na alteridade.
Autor: Werbert Cirilo Gonçalves, 2017.
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