CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS EM MISSÃO
- Werbert Cirilo Gonçalves
- 14 de ago. de 2018
- 3 min de leitura
Ano do Laicato, tempo favorável no qual a Igreja celebra, encoraja e reflete sobre a dignidade e a missão dos cristãos leigos e leigas. Diferentemente do senso comum, para o cristianismo, laikos (leigo) não se refere aos ignorantes ou amadores, também não significa uma classe inferior ou menos relevantes que os demais cristãos integrantes de ordens sacras ou de estado religioso, embora desempenhem funções distintas (Lumen Gentium). Os leigos e leigas são partícipes do Povo de Deus (laos), membros genuínos do corpo místico de Cristo, sujeitos eclesiais como presença evangélica no mundo. E se a Igreja é este corpo, o seio do laicato é onde o Senhor gera vocações para os muitos serviços pastorais, para os ministérios apostólicos e para a constituição familiar. Neste sentido, se afirma a importância e a excelência dos leigos e leigas reconhecidos por seu testemunho, dons e carismas postos a serviço da Igreja e da sua missão.
Configurando a sua vida à mensagem evangélica, os cristãos ousam ser, no tempo e na história, como o homem de Nazaré que não desempenhou obrigações sacerdotais no Templo de Jerusalém, mas circulou pelas vilas e cidades de Israel anunciando o Reino, promovendo a justiça e a paz e testemunhando o amor a todos, sobretudo, aos excluídos. Portanto, além de desempenhar as suas atividades no interno da comunidade religiosa, os leigos e leigas têm uma missão fundamental: a sua presença cristã no mundo.
Inspirados pela comunidade de amor das pessoas divinas e tendo como modelo a autêntica comunhão (koinonia) dos irmãos na Igreja, os cristãos precisam ser no mundo “sinal de esperança” e “instrumento de transformação”, principalmente em nossa realidade tão desafiadora e sedenta de justiça social e amor fraterno. Isso significa assumir o lema do ano do laicato: ser “sal da terra” e “luz do mundo” (Mt 5,13-14). Mesmo diante de uma crise em vários âmbitos da sociedade é necessário não perder o sabor de ser cristão, nem o brilho da esperança no próprio ser. Daí, combater as estruturas de morte, promover a vida e o bem comum; respeitar as diferenças, buscar transformar as injustiças a partir do engajamento social e da solidariedade com os pequenos; defender os direitos humanos, participar dos debates em prol da cidadania e lutar por políticas públicas eficazes; estar atentos aos que sofrem com as diversas formas de violências e cooperar com a criação, protegendo o meio ambiente e cuidando da casa comum, etc. Ademais, é urgente a missão de encorajar os cansados e suscitar a esperança nos corações dos angustiados, iluminar as trevas do mundo e temperar a existência com a alegria cristã e amor.
Enfim, como nos convoca o Papa Francisco, precisamos ser uma “Igreja em saída”. Assim, a comunidade de fé abre as suas portas não apenas para acolher quem chega, senão para que os seus membros saiam ao encontro das diversas realidades e nos diversos ambientes, a fim de transformar ou provocar as mudanças necessárias e contribuir para o desenvolvimento da humanidade. Uma Igreja fechada sobre si, voltada para as suas questões internas e preocupada exclusivamente com a salvação dos seus fiéis, não está em acordo com a mensagem evangélica. Ela não pode ser proselitista nem relativista, muito menos moralista ou condenatória. Os cristãos conscientes da sua identidade e missão sabem que “uma Igreja em Saída é uma Igreja em encontro”, misericordiosa, acolhedora e que se realiza quando se põe a caminho e se faz sinal de esperança e salvação para a humanidade.
Fonte: GONÇALVES, Werbert Cirilo. Cristãos leigos e leigas em missão. Revista O Lutador. Belo Horizonte, ano LXXXIV, n. 3903, ago. 2018, p.46.
Werbert Cirilo Gonçalves*
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*Teólogo leigo da Arquidiocese de Belo Horizonte, Comunidade Santa Cruz da Paróquia Cristo Redentor (Barreiro de Cima), Membro do CNLB (Conselho Nacional do Laicato do Brasil) - Regional Leste II).
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