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A lenda dos magos shalonitas

  • Werbert Cirilo Gonçalves
  • 22 de dez. de 2017
  • 3 min de leitura

Uma noite diferente das outras! Plena em inspiração, de mistério, igualmente calma e tranquila. Era chegada a hora. O peito ardia em brasa, as bagagens estavam arrumadas, a montaria pronta e os cantis bem cheios. Já havíamos percorrido diversas jornadas, porém essa seria a mais extraordinária de todas. Naquela noite não existia medo ou amargura apenas a confiança nos textos sagrados. Assim, partimos.

Não sabíamos qual era o caminho nem mesmo a direção, mas ao caminhar, encontramos a estrela guia da jornada. Ela brilhava e revelava, a cada terreno superado, a maravilha que é peregrinar. A cada curva conquistada, a cada morro vencido e a cada obstáculo ultrapassado surgia no horizonte uma nova esperança de paz. Brotava a certeza de que não se caminha sozinho, que o caminho é fabuloso e que não existe retorno senão um novo caminho.

Após a estrela cumprir sua nobre missão de nos conduzir, chegamos ao lugar indicado. Lá estava uma família sagrada, num lugar que, no absurdo da simplicidade e da precariedade, se apresentava acolhedor. Neste ambiente aconchegante, nos deparamos com um menino cheio de divindade que se expunha humanamente doce e encantador. Um lugar de chão batido que se tornaria uma terra santa. Entretanto, não era necessário retirar as sandálias dos pés, e a pureza do menino despia o nosso espírito de todo resquício de pecado.

Todos nós aguardávamos há anos por este encontro. Um encontro encantador que se fazia rico em sentido e que nos enchia de uma graça jubilosa. Como não havia discurso, música ou poesia que expressassem o conteúdo da alma, lhe entregamos presentes: ouro, incenso e mirra, que nada mais eram que a proclamação da nossa fé. De longe viemos e caminhamos para dizer, não com palavras, mas com símbolos: quão aquele menino que nascera era importante.

E ao lhe presentear com ilustre ritual espontâneo, proferimos com o espírito:

- Ofertamos-lhe “ouro”: porque reconhecemos que Tu és o nosso rei. Um rei que se deita numa manjedoura, se elevando como pobre e se declinando como rico. Um rei que faz do nosso casebre interior seu palácio e, do nosso coração, o seu trono. Ajuda-nos, Menino, na tarefa de construir o Reino de Paz. Encha-nos com a sua ternura e acalma-nos diante dos barulhos mundanos.

- Consagramos-lhe “incenso”: uma vez que Tu és o verdadeiro Sacerdote. Assim, como no templo a oração se eleva ao céu como fumaça perfumada, queremos que a nossa prece de filhos amados chegue aos ares celestes e alcance o Pai. Ajuda-nos, menino, a sentir a presença divina agindo na simplicidade da nossa história. Faça-nos humildes e não humilhados. Encha a nossa vida e a dos nossos familiares com o bom odor do Espírito.

- Trazemos-lhe “mirra”: pois Tu és um profeta. Da mesma forma, que os egípcios usavam a mirra para embalsamar os corpos mortais com o significado de imortalidade, queremos celebrar a magnitude da vida. Ajuda-nos, menino, a sermos autenticamente humanos e plenos do amor divino. Que possamos viver felizes fazendo o bem para sermos imortais no vosso coração e no coração dos nossos amigos.

Finalmente, Ele nos olhou fitamente e nos ofertou um sorriso que se tonou para nós uma bênção. Seu olhar penetrou em nosso íntimo e nos fez entender que o verdadeiro Natal é “nascer do Alto e do Espírito” através da paz que emana da ternura do menino que dorme na manjedoura.

A partir daí, em todo Natal nos tornamos magos, refazemos a jornada, levamos os presentes ao presépio e desejamos a todos uma “vida plena de Paz”. - Autor: Werbert Cirilo Gonçalves

REFERÊNCIA: CIRILO, Werbert. Movimento Shalom: um jardim sagrado atrás da porta estreita. Belo Horizonte: Crivo, 2017,

IMAGEM: iStock.com/Getty Images

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 Movimento de Shalom da  Arquidiocese de Mariana. Orgulhosamente criado com Wix.com

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